A história batista: um resumo

“A história Batista: um resumo” foi retirada do livro “Crenças e herança batista”, que faz parte da Série sobre a Identidade Batista por William M. Pinson, Jr. e Doris A. Tinker com Skyler G. Tinker. O livro sozinho ou toda a série (em Inglês), que consiste em dezenove estudos e duas guias de estudo, está disponível em www.baptistdistinctives.org, clicando em “Store” no cabeçalho. Nenhum lucro é feito com a venda destes materiais ou royalties ou comissões pagas; o dinheiro da venda vai apenas para a reprodução dos materiais. É permitido baixar, imprimir e copiar “a história Batista”, desde que o site www.baptistdistinctives.org apareça na versão impressa e seja indicado que o material tem seus direitos autorais reservados pela inclusão de ©.


Batistas têm uma história maravilhosa para contar. É uma história emocionante, cheia de luta heróica e sacrificial contra a opressão e tirania. É uma longa história, que vai pelos acontecimentos de muitos séculos e culturas. É uma história sangrenta, com destaque para a mancha vermelha de mártires. É uma história desconcertante, caracterizada pelo conflito intermitente entre pessoas que compartilham convicções básicas e fundamentais.

É também uma história complexa que contém várias respostas a perguntas básicas: Quem são os batistas? Onde eles se originaram? Como se espalharam? Por que eles são organizados como são? Em que acreditam? De que forma são parte do movimento cristão como um todo? De que forma é que eles se diferem de outras denominações cristãs?

Sem dúvida, a história Batista não é uma história simples.

Os batistas desafiam descrições simples. Eles foram um povo de diversidade e ainda são. Eles se estendem por quase todo o espectro da vida humana. Suas igrejas são encontradas em todo o mundo. Sua história está cheia de heróis e vilões, mártires e sobreviventes, de líderes criativos e descontentes reacionários. Embora alguns batistas tenham liderado grandes eventos na história, outros tem se oposto a qualquer mudança no status quo.

Muitas vezes, os batistas tem sido mal compreendidos resultando em falsas acusações. Por exemplo, o seu firme compromisso com o senhorio de Cristo e a autoridade da Bíblia junto dacrença da competência do indivíduo e o sacerdócio de todos os crentes, tornaram os batistas líderes zelosos para garantir a liberdade religiosa para todos, não apenas para si mesmos. Como resultado, alguns líderes governamentais e religiosos os tem acusado de traição e heresia; alguns teólogos e filósofos os tem acusado de promover o anarquismo e hiper-individualismo. Tais acusações produziram uma feroz perseguição aos batistas por aqueles que temem o esforço Batista em favor da liberdade.

De algumas formas, a vida batista parece uma mistura de contradições. Igrejas batistas são obstinadamente autonomas, por exemplo, mantendo tenazmente o governo congregacional pelos membros de cada congregação e resistindo a hierquia religiosa. Mas também formaram muitas das organizações mais fortes em missões, educação e benevolência no mundo, todas baseadas na cooperação voluntária.

Completamente diferentes e ainda assim, muito semelhantes são as pessoas chamadas batistas.

Certamente os batistas são diferentes. De um certo modo, há muitas histórias batistas. No entanto, todos os batistas compartilham as mesmas crenças e práticas báscias que fazem deles uma denominação distinta. Essas crenças e práticas básicas compreendem o que alguns chamam de “receita batista”: a Bíblia como única autoridade de fé e prática, o senhorio de Cristo, competência da alma, salvação pela graça por meio da fé, batismo do crente por imersão, sacerdócio de todos os crentes, membresia regenerada,  duas ordenanças: o batismo e a ceia do Senhor, governo da igreja congregacional, autonomia das igrejas, cooperação voluntária, liberdade religiosa, evangelismo, missões, ministério, ação social e educação cristã.

Na verdade, muitos dos ingredientes na receita também fazem parte das outras denominações cristãs, mas a receita batista toda é o que faz um batista, batista. As seguintes páginas contam a história de como a receita batista foi desenvolvida e expressa na vida batista.

É impossível contar toda a história dos batistas aproximadamente em apenas algumas páginas. O que é oferecido aqui é nada mais do que uma breve revisão. Mas espera-se que estas poucas páginas deem para  aqueles não estão familiarizados com a história Batista uma visão útil, e para aqueles que conhecem a história, talvez esse comentário instigue uma apreciação renovada para aqueles que se chamam batistas.

O começo dos batistas

Desde o tempo do Novo Testamento, há grupos de cristãos que aderem a certos princípios valorizados pelos batistas. No século XVII batistas se tornaram conhecidos como uma denominação separada. Batistas podem não concordar com todos os detalhes sobre seu começo, mas todos concordam que é importante para os batistas incorporar as crenças e práticas das igrejas descritas no Novo Testamento.

Batistas creem que as igrejas do Novo Testamento foram compostas exclusivamente de crentes batizados em Cristo, que voluntariamente se juntaram uns com os outros em congregações autônomas governadas sob o senhorio de Cristo e a direção e o poder do Espírito Santo . Estas comunidades de novos convertidos recém batizados não eram suportados nem pelas leis nem pelas finanças do governo. Eles dependendiam de apoio voluntário dos membros. As crenças e práticas das igrejas do Novo Testamento são o que os batistas procuram imitar em suas igrejas.

Em trezentos anos desde o início do movimento cristão, grandes mudanças aconteceram. Uma das mais óbvias foi a mudança radical no relacionamento das igrejas com os governos. As igrejas do Novo Testamento não receberam o apoio do governo, mas eram perseguidas por funcionários do governo do Império Romano. Perseguições variaram em intensidade durante mais de 200 anos.

No entanto, até o final do século IV a fé cristã se tornou a religião oficial do Império Romano. Imperadores romanos tiveram um papel importante em determinar qual ramo do movimento cristão se tornaria o oficial. Afinal, os líderes do governo reconheceram somente uma forma de cristianismo e perseguiram aqueles que não aderiram a igreja oficial do governo. Então, começou a longa e sangrenta união entre a Igreja e o Estado.

Devido a várias razões, as igrejas estabelecidas (apoiadas pelo governo) do leste e oeste do Império estavam se afastando uma das outras. Elas desenvolveram diferentes abordagens sobre teologia, adoração, organização e especialmente em a relação de autoridade de Roma e do papa. Em 1054 a divisão foi formalizada. Roma tornou-se o centro dominante das igrejas do oeste e Constantinopla do leste. Então, a Igreja Católica Romana se tornou a religião oficial da Europa Ocidental.

O crescimento batista inicialmente se deu na Europa Ocidental e é lá que esse resumo da história dos batistas tem seu foco.

A liberdade religiosa era desconhecida na Europa, onde a Igreja Católica Romana se aliou ao governo. Dissidentes, ou aqueles que acreditavam em uma perspectiva diferente para a fé cristã  que não era a igreja sendo apoiada pelo governo, foram considerados heréticos pela Igreja do Estado e traidores pelo governo. Eles sofreram perseguição frequente. Milhares de homens e mulheres foram presos, torturados e executados.

No início do século XVI o monopólio religioso da Igreja Católica Romana foi derrubado pela Reforma Protestante. Aqueles que participaram da reforma foram chamados de protestantes porque protestaram contra certas crenças e práticas da Igreja Católica Romana.

A maioria dos movimentos religiosos iniciados pelos líderes da Reforma, como Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564), continuaram com o batismo infantil e mantiveram uma estreita relação entre Igreja e Estado. Aqueles que não concordavam com os pontos de vista dos líderes da Reforma foram perseguidos, incluindo aqueles que possuíam muitas das crenças e práticas estimadas pelos batistas ao longo dos anos, como o batismo do crente e a liberdade religiosa.

Alguns desses grupos perseguidos foram chamados de anabatistas. Essa palavra deriva de duas palavras: “ana”, que significa de novo e “batista” que significa batizar. Esses grupos eram chamados assim porque eles insistiam que o batismo infantil não era uma forma válida diante do Novo Testamento e declaravam que somente as pessoas que depositavam sua fé em Cristo como Salvador e Senhor deveriam ser batizados como crentes.

Assim, entre os anabatistas, uma pessoa que tinha sido batizada quando criança e depois se converteu, foi batizada novamente. Existem muitos tipos de anabatisas, mas todos tinham a mesma posição sobre o batismo.

As pessoas que ficaram conhecidas como batistas deixaram claro nas suas declarações confessionais, como a Confissão de Londres de 1644, que eles não eram anabatistas. No entanto, compartilhavam algumas das crenças básicas dos anabatistas, como que a Bíblia é a autoridade de fé e prática cristã e que uma pessoa deveria conscientemente confiar em Cristo como Senhor e Salvador antes de ser batizada.

A denominação Batista surgiu como uma denominação diferente no século XVII na Inglaterra.

Na Inglaterra, a Reforma tomou um rumo diferente quando o rei Henry VIII (1491-1547) se separou da Igreja Católica Romana em 1534 e estabeleceu a Igreja da Inglaterra, com ele mesmo sendo o cabeça de tanto o governo como da igreja. Sua decisão mergulhou a Inglaterra em um conflito interno religioso e político. Não eram apenas católicos e protestantes em guerra uns com os outros, mas a Igreja da Inglaterra se dividiu.

Muitos ingleses permaneceram fiéis à Igreja da Inglaterra, tal como existia. No entanto, outros rejeitaram o que  consideravam práticas anti-bíblicas dentro da Igreja da Inglaterra e tentaram purificá-la de dentro. Estes eram conhecidos como o Puritanos. Ainda outros, descartando a ideia de reforma a partir de dentro, se retiraram e formaram congregações independentes; eles eram conhecidos como os separatistas. Todos estes grupos acreditavam no batismo infantil.

Uma vez que eles se recusaram a observar as leis que apoiaram a Igreja da Inglaterra, tanto os puritanos quanto os separatistas foram perseguidos pela Igreja da Inglaterra e oficiais do rei. Quando o Rei James I (1566-1625) subiu ao trono em 1603, ele declarou: “Vou conformá-los ou atormentá-los até que deixem esta terra.” Muitos deles se recusaram a se conformar e, na verdade, foram perseguidos até que deixaram Inglaterra.

John Smyth (c. 1570-c. 1612), um pastor separatista formado em Cambridge, em 1607 levou sua pequena congregação para Amsterdam, Holanda, onde havia mais liberdade religiosa do que na Inglaterra. Seus estudos bíblicos o levam a abraçar muitas da crenças que os batistas acreditam hoje, como o batismo de crentes com a rejeição do batismo infantil,  salvação pela graça por meio da fé e não por meio dos sacramentos, a ceia do Senhor como simbólica e a liberdade religiosa como corolário da separação entre a Igreja e o Estado.

Smyth batizou a ele mesmo e depois batizou os membros de sua congregação no final de 1608 ou início de 1609. Assim, estabeleceu a geralmente reconhecida como a primeira igreja Batista de língua inglesa dos tempos modernos.

A confissão de fé que Smyth desenvolveu para a igreja em Amsterdam estava cheia de citações bíblicas. A disponibilidade da Bíblia em Inglês foi um fator importante no início das igrejas batistas da Inglaterra. Durante séculos a Bíblia não era acessível a pessoas comuns. Até o desenvolvimento da impressão no século XV, cópias da Bíblia eram raras, cada uma manuscrita.

Alguns manuscritos da Bíblia estavam disponíveis em grego e hebraico, os idiomas nos quais a Bíblia foi escrita originalmente, mas a maioria eram em latim, a língua oficial da Igreja Católica Romana. Poucos podiam ler grego, hebraico e latim, mas estudiosos da Igreja podiam. Quando John Wycliffe (1328-1384), William Tyndale (1495-1536), e Miles Coverdale (1488-1569) traduziram a Bíblia para o Inglês, as pessoas podiam ler a Bíblia sozinhas.

Batistas na Inglaterra foram severamente perseguidos.

Muitas pessoas, incluindo batistas, chegaram à convicção de que a igreja estabelecida pelo governo, a Igreja da Inglaterra, não interpretava a Bíblia corretamente. Uma delas foi Thomas Helwys (1556-1616), um membro da congregação de Smyth. Ele levou um grupo da Holanda de volta à Inglaterra. Em 1612 ele já tinha começado uma igreja batista em Spitalfields, uma área de Londres.

Helwys escreveu um livro intitulado “Uma breve declaração do mistério da iniqüidade” em que ele defendia a liberdade religiosa e desafiava a autoridade do rei sobre a vida religiosa de seus súditos. No livro Helwys escreveu uma dedicação pessoal ao rei James I, o monarca reinante, que, como tal, também era o chefe da Igreja da Inglaterra. Helwys declarou que o rei não tinha autoridade sobre a vida espiritual de seus súditos. O rei respondeu prendendo Helwys. Ele morreu na prisão, como mártir por ter permanecido fiel à convicção de Batista que só Cristo é o Senhor das igrejas.

A luz batista não se extingue com a morte de Helwys. Batistas logo formaram outras igrejas na Inglaterra; muitas mais vieram depois. Estes batistas eram como Batistas gerais; eles acreditavam que a salvação era pela graça disponível para todos os que creem em Cristo como Senhor e Salvador.

Outro grupo de indivíduos conhecidos como batistas particulares nasceu no ano de 1630. Eles acreditavam que a salvação estava disponível apenas para aqueles que estavam predestinados a serem salvos pela graça de Cristo. Ambos os grupos insistiam que a salvação era somente pela graça de Deus e não pelas obras do homem.

Os primeiros batistas na Inglaterra, tanto gerais e particulares, sofreram severa perseguição da Igreja e do governo da Inglaterra. Por muitos anos, a lei exigia que cada cidadão a partir 16 anos participasse da Igreja da Inglaterra e cultuasse de acordo com a liturgia da Igreja. Cultos batistas eram ilegais. Aqueles que pregavam sem a aprovação oficial do governo eram criminosos. Batistas continuaram a se reunir para a adoração e pregação. Eles lutaram para a liberdade religiosa para todos e estavam dispostos a sofrer perseguição por suas crenças.

Como resultado, muitos batistas foram presos na Inglaterra. Um deles era John Bunyan (1628-1688), autor do clássico livro “O Peregrino“, escrito enquanto ele estava na prisão. Bunyan se descreve enquanto jovem como ímpio, mas que em seu primeiro casamento em Elsto em 1650 com uma mulher pobre porém piedosa, se converteu, se batizou e assumiu compromisso de pregar. Eles se mudaram para Bedford em 1655. A morte de sua esposa em 1658 o deixou com quatro filhos, um deles cego. Bunyan continuou a pregar e em 1660, no mesmo ano em que casou-se com Elizabeth, sua segunda esposa, ele foi preso por pregar. A lei exigia que os cultos fossem realizados de acordo com a Igreja da Inglaterra. Parar de pregar violaria sua consciência, então ele continuou pregando em violação da lei. Como resultado, ele foi preso por doze anos. Apelos frequentes de sua esposa Elizabeth foram negados pelas autoridades, embora ela não tivesse mais nada para cuidar de seus filhos. Bunyan nunca abandonou seu compromisso de obedecer a Deus e não a homens. Ele foi libertado somente depois de Charles II (1630-1685) emitiu a Declaração de Indulgência Religiosa em 1672.

O grau de liberdade religiosa mudou ao longo do tempo. Finalmente, em 1688 os batistas e outros dissidentes foram tolerados pelas leis da Inglaterra. A perseguição  severa cessou e igrejas batistas e seus membros foram se multiplicando. No entanto, não havia nada mais do que tolerância, e não plena liberdade de religião. A Igreja da Inglaterra seguiu em sua posição privilegiada e recebeu apoio financeiro através do sistema fiscal.

Imersão tornou-se o modo aceitável de batismo por batistas.

Em 1644 os batistas particulares emitiram uma confissão de fé (não um credo, mas um resumo de suas doutrinas) em que defendiam o batismo do crente por imersão. Até então, o batismo de crentes era feito por afusão ou aspersão. Na confissão de fé, cada ponto foi apoiado com referências a passagens bíblicas por causa da crença Batista que a Bíblia é a única autoridade de fé e prática cristã. A palavra “batismo” é uma transliteração da palavra grega no Novo Testamento que significa mergulhar.

Esta confissão de fé foi influente, e todos os batistas começaram a praticar o batismo por imersão. Assim, eles se tornaram conhecidos como batistas. Durante os primeiros anos de batistas na Inglaterra, eles foram chamados por uma variedade de nomes, tais como “Igrejas de Cristo em Londres, batizados”, “Igrejas que batizam” e “Igrejas do batismo”. No século XIX o termo “Igreja Batista”, em referência às congregações locais, tornou-se comum e batismo por imersão dos crentes tinha-se tornado a norma batista, mesmo no meio das dificuldades envolvidas.

No início, o termo “batista” era uma maneira de ridicularizar batistas por aqueles que não concordavam com a prática do batismo do crente por imersão. No entanto, como às vezes acontece, este termo depreciativo tornou-se uma questão de honra, usado com orgulho pelos própris batistas.

Batistas ingleses foram grandes líderes.

Batistas na Inglaterra produziram líderes que ajudaram a moldar a história Batista. Por exemplo,  William Carey (1761-1834)é chamado de “O pai das missões modernas” por causa do papel que ele desempenhou no desenvolvimento dos primeiros esforços missionários batistas. Em 1792, ele trabalhou como um jovem pastor de uma pequena igreja batista, e apoiou sua família como um sapateiro. Enquanto trabalhava como sapateiro, contemplava em oração em um mapa do mundo. Seu estudo da Bíblia e da população mundial o convenceu de que todas as pessoas em todo o mundo precisavam ouvir o evangelho.

Ele pregou um sermão sobre isso em uma reunião da associação Batista e apelou a seus companheiros batistas que lançassem esforços para compartilhar o evangelho em todo o mundo. Os historiadores se referem a este sermão como o “sermão eterno” porque começou um movimento que manteve vivo apesar de grandes dificuldades. Ele pregou o texto de Isaías 54: 2 e tinha apenas dois pontos: espere grandes coisas de Deus. Faça grandes coisas para Deus.

Embora no início o apelo de Carey tenha sido rejeitdao, alguns pastores decidiram acompanhá-lo em suas convicções e estabeleceram a primeira organização de missões batistas, vulgarmente conhecida como a Sociedade Missionária Batista. Líderes da sociedade pediram para Carey e John Thomas (1757-1801), um médico, para que fossem os primeiros missionários enviados pela Sociedade. Eles foram para a Índia. A esposa de Carey, Dorothy (1756-1807), que estava grávida, em umprimeiro momento se recusou a empreender a viagem. Mas depois de mais consideração e do nascimento do bebê, chamado Jabez, ela decidiu se juntar Carey e Thomas desde sua irmã Catarina fosse com eles. Comprar as passagens foi difícil. A Companhia das Índias Orientais controlava a entrada para áreas da Índia sob domínio britânico e não permitia a entrada de qualquer pessoa que  a Companhia acreditava que poderia diminuir os lucros ao criar controvérsias entre os índios, incluindo missionários.

Quando navios britânicos não se disponibilizaram a leva-los, um navio holandês concordou em levar o grupo, que era composto por William e Dorothy Carey, seus quatro filhos incluindo o bebê, a irmã de Dorothy e Thomas. Eles navegaram em junho de 1793 e chegaram em Calcutá em novembro. Sua viagem de cinco meses passou pela costa da Europa, África, America do Sul e Ásia.

Eles imediatamente encontraram graves problemas. A inépcia de Thomas em lidar com as finanças deixou a família Carey sem recursos e os fundos da Sociedade Missionária não chegaram por vários meses. Carey teve que procurar um emprego secular. As autoridades britânicas e indianas assediaram eles.Muitos europeus desprezaram seus esforços. Eles tiveram que morar numa área infestada por cobras, tigres ferozes e malária. As adversidades de uma cultura e clima estranhos causou a morte de seu filho de cinco anos de idade, Pedro, e afetou a saúde mental de Dorothy. Ela faleceu em 1807 sem recuperar a saúde mental. Carey casou com Charlotte Romohr (1761-1821) em 1808, que foi uma excelente auxiliadora no ministério. Depois de sua morte em 1821, ele se casou com Grace Hughes (1178-1835), que foi um grande conforto para Carey já em idade avançada.

Apesar das tragédias, Carey estabeleceu o trabalho batista, que, por mais de quarenta anos de serviço missionário Carey, tornou-se um ministério bem sucedido e multifacetado. Ele traduziu a Bíblia para muitas línguas locais, pregou na língua do povo, batizou convertidos, ajudou na plantação de igrejas, estabeleceu uma universidade, lutou pela reforma moral, e desenvolveu um programa de agricultura que beneficiou a Índia.

No começo, poucos seguiram a liderança missionária Carey, mas logo o fervor missionário aumentou para uma multidão de batistas que espalhou o evangelho em todo o mundo. Muitos deles também experimentaram grande adversidade, mas ainda assim perseveraram. A visão de Carey baseada na Bíblia, a sua disposição em fazer sacrifícios e o estabelecimento de uma organização missionária foi um ponto de virada na história Batista.

Muitos outros ingleses batistas ajudaram a moldar a denominação batista. John Clifford (1836-1923), que foi eleito como o primeiro presidente da Aliança Batista Mundial em sua primeira reunião em Londres, em 1905, era um pastor ativo na luta pela liberdade religiosa e justiça social. Foi dado o título de “Príncipe dos Pregadores”, a Charles H. Spurgeon (1834-1892), que era um pastor em Londres de uma grande igreja e talvez o pregador mais conhecido de seu tempo. Sermões de Spurgeon foram publicados e divulgados amplamente. Spurgeon abriu uma escola para treinar pastores. Alexander Maclaren (1826-1910), que se tornou famoso por sua pregação expositiva, serviu como presidente da União Batista Britânica duas vezes e presidiu a primeira reunião da Aliança Batista Mundial em 1905.

Batistas na América do Norte

O início dos batistas na América do Norte, bem como na Inglaterra, veio em meio a perseguição e controvérsia religiosa. Na primeira parte do século XVII, colonos ingleses começaram a se estabelecer na América do Norte. Ambos os puritanos como os separatistas estavam entre os líderes que colonizaram o território que ficou conhecida como Nova Inglaterra. Entre eles estava Roger Williams (1603-1683), um jovem puritano educado em Cambridge, que veio para a área de Boston em 1631, tendo se tornado um separatista. Um aluno brilhante da Bíblia, era conhecido como agitador quase desde o momento em que chegou.

Primeiro, Williams acreditava que os nativos americanos deveriam ser compensados ​​por sua terra, em vez de permitir que os colonos a confiscassem. Além disso, Williams acreditava e ensinava perspectivas sobre a relação entre Igreja e Estado que eram muito diferentes das autoridades governamentais.

Ele ensinou que, com base no Novo Testamento, as pessoas devem ser livres para praticar o culto de acordo com os ditames da consciência, e não os ditames do governo. Ele insistiu que os governos não devem impor crenças e práticas religiosas. Ele encontrou-se envolvido em controvérsia com as autoridades oficiais por manter este ponto de vista. Finalmente, Williams foi processado, condenado por sedição e heresia, foi banido e levado de volta para a Inglaterra.

Antes que pudessem executar a sentença, ele abandonou a colônia e viajou para o sul no inverno de 1635-1636. Ele deixou para trás Mary (1609-1676), sua esposa, e seus filhos até ancontrar um lugar seguro para viver como uma família.

As primeiras igrejas batistas na América do Norte foram organizados em Rhode Island.

Tendo feito amizade com os índios, Williams sobreviveu a um inverno rigoroso e se estabeleceu no que é hoje o estado de Rhode Island. Sua família se juntou a ele lá. Williams comprou uma terra dos índios Narragansett, estabeleceu a cidade de Providence, e fundou a Providence Plantation como o primeiro governo da história que praticava a liberdade religiosa e a separação entre Igreja e Estado. O lugar se tornou a colônia e, em seguida, o estado de Rhode Island.

O estudo da Bíblia levou Williams a repudiar não só a união entre Igreja e Estado, mas também seu próprio batismo quando criança. Ele chegou à convicção de que o batismo do crente era a interpretação biblicamente correta. Alguns que tinham vindo viver em Providence também compartilharam a convicção de Williams sobre o batismo. Um desses era Ez Holliman (1586-1659). A genealogia da família de Holliman conta o seguinte: “1639. Ele batizou Roger Williams e foi batizado por ele, os dois estavam entre os doze membros fundadores daquela igreja em Providence”. Estes crentes batizados formaram o que é considerada a primeira igreja Batista no Novo Mundo. Williams chegou a acreditar que nenhuma igreja cumpria integralmente as diretrizes do Novo Testamento. Então ele deixou a igreja Batista que havia ajudado a fundar e nunca se juntou a outra. No entanto, as suas relações com os batistas se mantiveram cordiais e ele continuou firme em sua convicção sobre a liberdade religiosa.

John Clarke (1609-1676), um amigo e vizinho de Williams, era médico e pastor. Ele também tinha deixado Massachusetts por causa da intolerância religiosa de lá. Ele fundou uma igreja batista em Newport, perto de onde Williams e outros tinham formado uma igreja batista. Clarke tornou-se um líder no crescente movimento dos batistas nessa área. Depois de anos de petições junto ao governo da Inglaterra, ele e Williams finalmente receberam uma carta oficial do governo garantindo a liberdade de religião na colônia de Rhode Island.

Batistas na América do Norte sofreram perseguição por duzentos anos.

Este tipo de liberdade não existia na maioria das áreas a norte e sul de Rhode Island. Por exemplo, em Massachusetts, batistas foram perseguidos severamente. Batistas e outros dissidentes foram frequentemente punidos com multas, prisão e flagelação, às vezes espancados até sangrar. Este foi o caso de Obadias Holmes (1606-1682).

Holmes era um membro da igreja batista em Newport pastoreada por John Clarke. Clarke, em seu livro “Ill Newes da Nova Inglaterra: ou uma narrativa da perseguição de Nova Inglaterra”, falou de uma visita a Massachusetts em 1651 que fez com Holmes e outro membro da igreja, John Crandall. Eles ficaram na casa de William Witter, também um crente batizado. No domingo, Clarke realizou um culto privado na casa de Witter. Funcionários do governo entraram à força, interromperam o culto, e prenderam os três homens de Newport. Eles foram levados para Boston onde foram presos e condenados sem julgamento. As acusações contra eles, entre outras coisas, foram de realizar um culto em violação da lei em Massachusetts e rejeitar a legalidade do batismo infantil. Eles receberam multas que deveriam pagar ou então seriam chicoteados. Amigos de Crandall e de Clarke pagaram as multas e depois de passar vários dias na prisão eles foram liberados.

No entanto, Holmes se recusou a aceitar o pagamento da sua fiança. Como resultado, sua sentença a ser chicoteado foi executada. Ele foi despido da cintura para cima, amarrado a um poste em público, e foi açoitado trinta vezes por um carrasco perito com um pesado chicote de três cordas; as costas desprotegidas foram cortadas noventa vezes, sendo esmagada em uma massa de carne sangrenta. Antes das chicotadas Holmes rejeitou qualquer coisa que pudesse aliviar a dor e orou para que Deus lhe desse a força para suportar os golpes, sem gritos de dor, mas sim testemunho da fidelidade de Deus. Holmes escreveu sobre esta experiência: “Quando o homem começou a me bater nas costas, eu disse às pessoas, embora a minha carne e meu espírito possam falhar, Deus não falha; então o Senhor veio e encheu meu coração e minha língua como um vaso cheio, e em voz audível chorei, pedindo a Deus que não lhes imputese este pecado e disse às pessoas que agora descobri que Deus não me deixou e eu confiaria para sempre em quem não falhou comigo”.

Holmes descreveu o que aconteceu depois do espancamento brutal: “Quando eu estava liberado, eu disse aos juízes com alegria no meu coração e alegria em meu rosto, enquanto os espectadores observavam, que haviam me atormentado como que com rosas”. Ele declarou que Deus havia acalmado sua dor durante o flagelo brutal para que pudesse dar testemunho fiel. As feridas horríveis exigiram semanas de cura dolorosa.

Holmes se alegrou de que pudesse ser uma testemunha fiel, escrevendo: “Agora, assim, agradou o Pai das Misericórdias por resolver o assunto, que meus laços e encarceramentos não impediram o Evangelho, pois antes da minha volta, alguns se submeteram ao Senhor e foram batizados, e os batizados foram colocados sob ivestigação.”

A coragem de Holmes e a brutalidade das autoridades governamentais deixaram uma impressão marcada em muitas pessoas. Por exemplo, Henry Dunster (1609-1659), o primeiro reitor da Universidade de Harvard, ficou impressionado com a coragem batista diante da perseguição. Ele estudou crenças batistas sobre o batismo e adotou o conceito de batismo do crente e, portanto, rejeitou o batismo infantil. Ele se recusou a batizar seu bebê menino, e os líderes da igreja do Estado, que insistiam em batismo infantil, o remorevam da presidência de Harvard em 1654.

Em face da hostilidade do governo, os batistas continuaram a pregar e plantar igrejas. Em 1665 eles se atreveram a iniciar uma igreja em Boston, no coração do puritanismo. No início, eles se encontraram secretamente em casas, mas em 1679 eles construíram um prédio simples onde adoravam.

Num domingo de 1680 adoradores encontram as portas fechadas por ordem do Tribunal Geral com o seguinte aviso:

Todos devem tomar conhecimento que por ordem judicial as portas desta casa estão fechadas e é proibido de fazer qualquer reunião ou abrir as portas sem autorização da Autoridade, até que a Corte dê novo aviso. Aqueles que agirem contrariamente serão responsáveis pelas consequências. Datado em oito de Março de 1680, em Boston, por ordem do Conselho.

Destemidamente, batistas se reuniram fora, no frio e chuva. A história da Primeira Igreja Batista de Boston relata que, “No domingo seguinte, inexplicavelmente, as portas estavam abertas e nunca mais foram fechadas pelas autoridades”.

O contraste entre a colônia de Massachusetts Bay e Plantation Providence, Rhode Island foi realmente grande.

Em um sermão de John Winthrop (1588-1649), um dos líderes puritanos em Massachusetts, ele fez alusão a Mateus 5:14 e declarou que a colônia deve ser uma “cidade edificada sobre um monte”, um exemplo do que ele acreditava que uma sociedade deve ser. No entanto, a colônia não tinha liberdade de religião e democracia, ambos sendo rejeitado pelos puritanos.

Winthrop disse que a democracia era a “a pior e mais pobre forma de governo”. A Igreja e o Estado serviram como apoio mútuo na Nova Inglaterra puritana. Aqueles que se estabeleceram lá vieram buscar sua própria liberdade de religião, mas não a dos outros. Aqueles que discordavam da Igreja estabelecida, como Roger Williams e Henry Dunster sofreram nas mãos do poder estabelcido.

Em contraste, John Clarke descreveu Rhode Island como um “experimento vivo,” uma experiência na liberdade religiosa. Igreja e Estado foram separados e havia liberdade de religião. Pessoas perseguidas por suas convicções religiosas em outras partes das colônias chegaram a Rhode Island. Roger William em seu livro “O dogma sangrento da perseguição”, claramente estabeleceu os fundamentos da liberdade na qual se firmou Rhode Island: “É a vontade e ordem de Deus, que desde a vinda de seu filho, o Senhor Jesus , são concedidos a liberdade de consciência e de culto a pessoas de cada nação e país, mesmo os pagãos, judeus, turcos (islâmicos) e anti-cristãos.” Essas boas-vindas atrairam muitas pessoas para a colônia.

Alguns se tornaram livres para adorar de acordo com o decreto de sua consciência, ao invés do decreto das autoridades governamentais. Muitos outros vieram para ser livre para não adorar; ou seja, eles vieram para escapar de religião, não para aceitá-la. Em algumas colônias era obrigatório ir aos cultos da Igreja apoiada pelo governo. Em Rhode Island ninguém era forçado a participar ou apoiar ou acreditar em qualquer instituição eclesiástica. O resultado foi uma população longe de ser homogênea! Governar uma cidadania tão diversificada acabou por ser muito fácil. A colônia foi realmente uma experiência e bem viva. No entanto, a colônia prosperou.

Batistas sofreram perseguição nas colônias do sul.

À medida que os batistas começaram a plantar igrejas nas colônias do sul, eles enfrentaram perseguição, às vezes tão ferozes quanto as da Nova Inglaterra. A Primeira Igreja Batista no Sul foi formada em Charleston, Carolina do Sul, em 1696, e no início do século XVIII igrejas batistas surgiram na Virgínia, Carolina do Norte e Geórgia.

Entre as colônias do Sul, os batistas em Virginia suportaram maus tratos particularmente graves. A Igreja da Inglaterra foi a igreja estabelecida e apoiada pelo estado da Virgínia. Por se atreverem a pregar o evangelho sem a permissão oficial do governo, batistas foram multados, presos e perseguidos.

A acusação feita por funcionários do governo contra os pregadores batistas muitas vezes era a de perturbação a paz. Por exemplo, em 1768, vários pregadores batistas foram presos, levados a tribunal e julgados como aqueles que perturbam a paz. O advogado que apresentou a acusação contra eles disse: “Sua Senhoria, estes homens são grandes perturbadores da paz, e a qualquer homem encontram no caminho obrigam a engolir uma porção das Escrituras”.

A situação dos batistas ganhou a simpatia de algumas pessoas de influência na Virginia. Por exemplo, Patrick Henry (1736-1799) é relatado para ter servido como um advogado para batistas. Relatórios indicam que uma vez montou mais de 50 milhas para Fredericksburg para defender três pregadores batistas que tinham sido presos e acusados de pregar o evangelho sem a permissão das autoridades governamentais. Depois de ouvir a leitura das acusações contra estes homens e ouvir os comentários do promotor, Henry pegou o documento que contém as acusações e foi ao tribunal. “Com a permissão do seu senhorio, o que eu ouvi?” Em seguida, ele repetiu a acusação contra os prisioneiros: “Por pregar o evangelho do Filho de Deus”. Então, ele balançou lentamente o papel  três vezes em volta da cabeça, levantou os olhos para o céu e exclamou: “meu Deus!” Henry prosseguiu com eloquência e paixão para apresentar uma defesa da liberdade religiosa. Ele referiu-se três vezes ao documento da acusação, mexendo o papel lentamente ao redor de sua cabeça. Impressionado com seu discurso, o juiz disse: “Xerife, coloque esses homens em liberdade!”

Muitos outros pregadores batistas foram presos, multados, exilados, açoitados e presos. Eles eram detidos na prisão por semanas, muitas vezes em circunstâncias detestáveis. Um dos perseguidos era James Ireland (1748-1806), um jovem pastor batista, que foi preso em 1769 e preso em Culpeper, Virginia, por pregar. Em sua autobiografia, Irlanda escreveu sobre provação. Ele relatou que uma multidão hostil atirou pedras, paus e insultos quando ele foi para a cadeia. De novembro a abril, ele sofreu em uma prisão fria e suja de apenas uma cela. Ventos de inverno gelados passavam por debaixo da porta quebrada e através das rachaduras nas paredes.

Seus perseguidores conspiraram contra ele para atormentar, humilhar e até mesmo matá-lo. Eles explodiram pólvora sob o piso da cadeia, encheram a prisão de fumaça sufocante de enxofre e pimenta indiana, e o venenaram. Durante os terríveis meses na prisão, ele pregou às multidões pelas barras de ferro da janela de sua cela, pondo em perigo não só a si mesmo mas também as pessoas que o ouviam. Seus inimigos montaram a cavalo para dispersar a multidão, arriscando as vidas daqueles que se reuniram para ouvir a Ireland. Em sua autobiografia, ele disse que esses eventos não eram nada mais exemplos de abusos que ele suportou “Então, eu relatei alguns dos meus sofrimentos pessoais, aos quais poderia adicionar uma centena de circunstâncias mais” Ireland sobreviveu ao abuso, mas como resultado de perseguição a sua saúde foi prejudicada pelo resto de sua vida.

Tais incidentes serviram para intensificar os esforços de líderes respeitados como James Madison da Virgínia (1751-1836) e Thomas Jefferson (1743-1826) para garantir a liberdade de religião. Mas a resistência a tais esforços por parte da igreja estatal na Virgínia retardou o processo.

A cooperação voluntária dos Batistas começou a se desenvolver.

Nas colônias centrais, batistas gozavam de maior liberdade religiosa do que em outras áreas da América do Norte. O fundador da Pensilvânia foi William Penn (1644-1718), um Quaker forte e um Quaker ensinando sobre a liberdade religiosa influenciou a região. Muitos residentes nas colônias centrais vieram do País de Gales. Alguns eram Batistas.

Os batistas Welsh enfatizaram o evangelismo, comunhão, pregação calorosa e canto congregacional. Eles não se opuseram as organizações para além das congregações locais como alguns batistas. Portanto, não é surpreendente que um dos primeiros passos para a cooperação entre os batistas tenha sido na Pensilvânia.

O crescimento entre os batistas alimentou o desejo de alguns de uma maior cooperação. No início dos anos 1640 os batistas na Inglaterra tinham formado associações para comunhão e cooperação para vários esforços. Batistas na América do Norte adotaram o mesmo padrão, e em 1707 formaram a Associação Batista da Filadélfia, a associação mais antiga que existe na América do Norte.

A associação foi formada com a cooperação de cinco igrejas, todas pequenas, de Nova Jersey, Pensilvânia e Delaware. Por volta de 1750, a associação se estendeu de New England para as colônias do sul. Ele trabalhou de alguma forma como um organismo nacional de cooperação, e influenciou outros esforços cooperativos futuros.

Batistas também cooperaram para fundar uma universidade, a Universidade de Rhode Island, em 1764. Desde o início a universidade proclamou os princípios da liberdade de religião. Em 1804 ela foi renomeada Universidade Brown, em honra a um doador rico. A instituição formou muitos dos primeiros líderes batistas. Além disso, foi um exemplo para os batistas estabelecerem inúmeras instituições educacionais nos Estados Unidos nos anos seguintes.

Batistas não cresceram rapidamente na América do Norte até o Primeiro Grande Despertar na década de 1730 e 1740.

Milhares de pessoas experimentaram uma conversão genuína durante o avivamento espiritual que se espalhou pela a maioria das colônias durante os anos 1730 e 1740. No início do Despertar, havia menos de cinquenta igrejas batistas de Maine até a Flórida, contando em torno de mil membros. Isso mudou rapidamente.

Embora os batistas não tenham muito a ver com o início do Despertar, eles foram muito beneficiados por ele. Milhares de pessoas deixaram as igrejas oficiais nas colônias, considerando-as muito frias em sua religiosidade para o seu novo fervor, e se juntaram aos batistas e outras denominações.

O Grande Despertar causou uma divisão entre os batistas. Aqueles que aceitaram o Despertar ficaram conhecidos como Separatistas ou Novas Luzes. Aqueles que o viram com desaprovação, principalmente porque eles consideravam emoção excessiva, ficaram conhecidos como Batistas Regulares ou Luzes Antigas. Muitos batistas separatistas desconfiavam da educação para pastores e eram a favor do louvor casual e emocional. A maioria dos batistas regulares eram a favor da educação e de um estilo mais formal de louvor. Nos anos de 1800 os dois grupos foram reconciliados, mas essas duas ênfases diferentes permaneceram na vida batista.

Os batistas se tornaram conhecidos pelo seu zelo evangelístico.

A ênfase na evangelização entre os batistas separatistas permeou a vida Batista.Que, por sua vez levou ao aumento do número de batistas e Igrejas Batistas. Um exemplo de fervor evangelístico desses batistas que foram produto do Grande Despertar, é a Sandy Creek Baptist Church. Organizada na Carolina do Norte por Shubal Stearns (1706-1771) em 1755, em apenas dezessete anos esta igreja desempenhou um papel fundamental no plantio de quarenta e duas igrejas, das quais vieram 125 pregadores evangélicos.

O diário de John Leland (1754-1841), um pregador batista na Nova Inglaterra e Virginia no final do século XVIII, registra o compromisso com a evangelização, bem como o batismo do crente por imersão. Sua descrição do batismo na Virgínia indica um forte compromisso dos batistas com a imersão como o modo correto de batismo: “Vi gelo cortado de um pé de espessura, e as pessoas sendo batizadas na água, no entanto eu nunca ouvi falar de alguém que pegou um resfriado ou qualquer doença por fazê-lo”.

Os números de batizados variou, claro, mas o s registros de Leland indicam um crescimento significativo dos batistas: “Muitas vezes, quarenta, cinqüenta, sessenta foram batizados em um dia, em um só lugar, na Virgínia, e às vezes até setenta e cinco . Há pastores que vivem agora em Virgínia que batizaram mais de duas mil pessoas”.

Os batismos eram eventos públicos e alegres, assim como os meios de alcance evangelísticos. Leland escreveu: “Na hora do batismo, as pessoas saem das águas cantando em grande procissão: Tenho ouvido muitas almas declararem que antes eram condenados, e encontraram perdão antes durante ou saindo do batismo”.

O amor Batista por cantar também é evidente nos registros de Leland “No culto, quando o sermão termina, é comum cantar algumas canções espirituais; às vezes várias canções são cantadas simultaneamente em diferentes partes da congregação.” E o que eles estavam cantando? Leland diz, como o famoso escritor hino, “Dr. Watts define o tom para batistas em Virgínia; mas não se limitando a ele; qualquer composição espiritual cumpre o seu propósito”.

A Revolução Americana (1775-1783) ajudou a causa Batista.

O Grande Despertar acelerou o crescimento e influência dos batistas. Assim fez também a Revolução Americana. Batistas foram inigualáveis em seu compromisso para ajudar a estabelecer uma nova nação, separada da Inglaterra. Uma parte do apoio Batista foi devido ao seu inerente amor pela liberdade, e em parte, pela esperança de que uma separação com a Inglaterra quebraria o poder das igrejas estatais nas colônias. Então batistas lutaram pela liberdade civil e religiosa.

E sim, eles lutaram. Os batistas eram patriotas de todo o coração. Eles apoiaram a Revolução não só com suas palavras, mas com os seus feitos, carregando armas com os seus compatriotas contra os britânicos. Um exemplo de zelo Batista foi John Gano (1727-1804), pastor da Primeira Igreja da Cidade de Nova York. A história da Primeira Igreja Batista declara:

Porque o pastor e muitos membros se juntaram à revolução, os britânicos usaram o prédio como estábulo de cavalos. Gano serviu como capelão para coronel Webb, General Clinton, em seguida, George Washington. A construção da igreja atual está localizada no local onde o regimento de Gano sofreu uma emboscada enquanto estavam fugindo após derrotas em Long Island, para se juntar a Washington. Na conclusão do Acordo de Paz em Newburgh, Washington pediu que Gano fizesse orações de agradecimento. Washington também pediu Gano para batizá-lo porque estudando as escrituras Washington concluiu que um crente deve ser batizado por imersão.

Além de servir como capelães, batistas lutaram ao lado de soldados que eram membros de igrejas que tinham oprimido os batistas. Tal camaradagem contra um inimigo comum ampliou a compreensão de quem eram os batistas e pelo que lutavam. A identificação dos Batistas com a causa triunfante da Revolução também deu a eles um novo respeito e atenção, não só da população em geral, mas também dos líderes da nova nação.

Um exemplo do prestígio dos líderes nacionais pelos batistas é uma canção escrita em 1789 pelo presidente George Washington (1732-1799) ao Comitê das Igrejas Batistas da Virgínia. Washington, um membro antigo da Igreja Anglicana, uma das denominações que tinha perseguido os Batistas, assegurou seu apreço pelos  Batistas e afirmou seu próprio compromisso com a liberdade religiosa.

Você certamente se lembra que eu expressei os meus sentimentos muitas vezes, que todo homem que se comporta como um bom cidadão e como sendo responsável por seus pontos de vista religiosos diante de Deus somente, deveria ser protegido em adorar a divindade de acordo com os princípios da sua própria consciência.

Lembro-me com satisfação que a sociedade religiosa da qual são membros tem sido, ao longo dos Estados Unidos, e quase por unanimidade, uma amiga fiel de liberdade civil e  protagonistas que perseveraram em nossa gloriosa revolução, não tenho dúvidas de que serão apoiadores fiéis de um governo livre e eficiente.

Batistas de todos os tipos desejavam a liberdade de religião, não só para si, mas para todos.

Uma consequência do crescimento dos batistas foi a influência crescente que tiveram pela liberdade religiosa para todos. Em todas as colônias, líderes batistas como Isaac Backus (1724-1806) na Nova Inglaterrae John Leland na Virgínia, lutaram para que a Igreja e o Estados fossem livres do controle um do outro para que as pessoas pudessem desfrutar de liberdade religiosa. Na Virgínia, eles encontraram aliados em pessoas como Thomas Jefferson e James Madison.

Na Guerra da Revolução, os batistas lutaram para ganhar liberdade da Inglaterra. Mas a vitória não trouxe a liberdade religiosa. As igrejas estatais continuaram a existir em alguns estados da nova nação, e os documentos do governo nacional, como os Artigos da Confederação, não garantiram a liberdade religiosa.

Os batistas renovaram seus esforços, e, junto com outros, finalmente conseguiram aumentar a liberdade religiosa com a aprovação da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos como parte do Bill of Rights. Jmaes Madison, considerado o “Pai da Constituição”, com o apoio batista, especialmente de John Leland, escreveu e defendeu a adoção da Primeira Emenda, que doi finalmente alcançada em 1791.

No entanto, a declaração da Primeira Emenda de que “o Congresso não fará nenhuma lei que estabeleça uma religião ou restrinja o livre exercício” se aplicava apenas para o governo federal, não estados individuais. Alguns estados persistentemente mantiveram igrejas estatis. Entre eles estava Connecticut.

A Associação Batista de Danbury, em Connecticut, preocupada que a completa liberdade religiosa pela qual os batistas e outros tinham pagam um alto preço, nunca fosse alcançada, escreveu ao presidente Thomas Jefferson em 1801 sobre suas preocupações. Ele respondeu em uma famosa carta datada em 01 de janeiro de 1802, que descreve o ideal da separação de Igreja e Estado. A carta afirmava:

Acreditando com você que a religião é uma questão apenas entre o homem e seu Deus, que o homem é responsável perante nenhum outro por sua fé ou sua adoração, que os poderes legítimos do governo alcançam apenas as ações, não opiniões, eu contemplo com reverência soberana essa afirmação de todo o povo americano anunciando que “o Congresso não fará nenhuma lei que estabeleça uma religião ou que restrinja o livre exercício”, criando, assim, um muro de separação entre Igreja e Estado. Aderindo a esta expressão da vontade suprema da nação em favor dos direitos da consciência, verei com satisfação sincera o progresso desses sentimentos que tendem a restituir ao homem todos os seus direitos naturais, convencido de que ele não tinha nenhum direito natural em oposição aos seus deveres sociais.

“O progresso desses sentimentos” se moveu lentamente. Foi somente em 1818 que Connecticut deixou a prática de nomear uma igreja oficial. Jefferson não viveu para ver a eliminação dos últimos vestígios da religião estatal. Ele morreu em 1826 e somente em 1833, em Massachusetts que o privilégio da última igreja estatal foi removido. A América do Norte tornou-se verdadeiramente a terra da liberdade religiosa. Os batistas aproveitaram esta liberdade em seus esforços para difundir o Evangelho por toda a nova nação.

O compromisso batista com missões se desenvolve.

No início do século XIX, os batistas tinham plantado mais de mil e cem igrejas com aproximadamente cem mil membros. No entanto, eles não tinham nenhuma organização nacional. As igrejas eram ferozmente independentes e suspeitavam de qualquer organização que pudesse ameaçar sua autonomia e liberdade. Governo congregacional e autonomia da igreja local eram vistos como o padrão básico do Novo Testamento. Quando as associações batistas foram formadas, os seus estatutos continham os limites dos poderes da associação, bem como suas atividades. Logo a ausência de organização nacional foi suprida. A motivação inicial para a mudança foi missões.

No início do século XIX, o fervor missionário que tinha envolto as igrejas congregacionais teve um efeito inesperado nos batistas. Em 1812 Ann Hasseltine Judson (1789-1826) e Adoniram Judson (1788-1850), juntamente com Luther Rice (1783-1836), todos congregacionais, foram comissionados como missionários para Índia pela Junta Americana de Comissionamento para Missões Estrangeiras. Os Judson, cristãos devotos, eram casados há apenas duas semanas antes de embarcarem no Caravan, o navio que os levou na sua viagem de quatro meses da América para a Índia.

Rice viajou em outro navio, o Harmony. Em sua viagem em barcos diferentes e na chegada, os Judson e Rice estudaram cuidadosamente o Novo Testamento para refutar a visão batista sobre o batismo, já que os batistas, sob a liderança de William Carey na Iglaterra já estavam na Índia. A igreja Congregacional praticava o batismo infantil.

Como resultado de seu estudo da Bíblia, Judson e Rice acabaram aceitando a convicção Batista do batismo do crente e foram batizados como batistas. Então, eles tiveram seu apoio financeiro das igrejas congregacionais cortado, e Rice retornou à América do Norte para buscar apoio financeiro batista para os Judson, que se mudaram da Índia para a Birmânia para continuar seus esforços missionários.

Na Birmânia, os Judson encontrram severos desafios. Embora compartilhassem o Evangelho fielmente, a resposta das pessoas era indiferença ou hotilidade. Eles chegaram na Birmânia em 1813, mas somente em 1819 que um primeiro convertido foi batizado. As condições de vida, clima, e doenças tiveram impacto em sua saúde. A tristeza pela morte de seu primeiro filho, chamado Roger Williams, de apenas oito meses, foi somada às suas dificuldades.

Finalmente a saúde de Ana sucumbiu e ela retornou aos Estados Unidos em 1822 para se recuperar. Durante a sua estada nos Estados Unidos, lecionou e escreveu extensivamente sobre missões, estimulando assim um novo compromisso com a causa missionária entre um grupo crescente de pessoas. Suas cartas escritas em ambos os Estados Unidos e da Birmânia inspirou um maior apoio para missões.

Contudo, sua vida foi a maior inspiração. Ela retornou para Birmânia em 1823 e permaneceu como missionária apesar de horríveis dificuldades. Seu marido sofreu quase dois anos de tortura e prisão, e ela arriscou sua vida e saúde pelo ministério. Ela pleiteou sua soltura persistentemente enquanto tomava conta de seu bebê. Sua bondade para com todos ganhou admiração e vários amigos. Sua tradução de trechos da bíblia para o birmanês ajudou muitos a conhecerem a Cristo. Finalmente, os anos de trabalho árduo roubaram sua saúde e ela morreu de febre em 24 de outubro de 1826.

Adoniram continuou no ministério missionário que ele e Anna tinha começado a tão grande custo, incluindo a morte de seus dois únicos filhos. Após a morte de Ann, casou-se com Sarah Hall Boardman (1803-1845), que foi uma ajudante maravilhosa e missionária. Após sua morte, Adoniram casou-se com Emily Chubbuck (1817-1854), que também serviu diligentemente a causa missionária. Através dos muitos anos de serviço de Judson, a obra missionária floresceu e a população batista em Burma continuou a crescer, tornando-se uma das maiores do mundo.

O zelo missionário dos batista levou a organizações nacionais.

Os esforços missionários dos Judson na Birmânia, a inspiração dada por eles e pelos escritos de Ann, e os pelos de Luther Rice na América para apoio financeiro dos missionários, ajudaram a mudar a vida batista na América de forma notável. Os batistas abraçaram esforços missionários. Els formaram organizações nacionais para missões.

Rice viajou extensivamente insistindo em apoio para missões. O resultado foi a formação, em 1814, da primeira organização nacional de batistas, a Convençao Geral Missionária da Denominação Batista nos Estados Unidos para Missões Estrangeiras, mas conhecida como a Convenção Trienal, porque é convocada a cada três anos.

Logo outras organizações surgiram, como para missões locais e publicações. Convenções estatais foram criadas, a primeira sendo a Convenção Batista da Carolina do Sul, em 1821. Mulheres batistas formaram organizações para apoiar missões através da educação e suporte financeiro.

A maioria dos batistas acreditou que igrejas poderiam cooperar voluntariamente para formar organizações para espalhar o evangelho sem perder sua autonomia. Poucos continuaram se opondo a essas organizações, alegando que não tinham precedente bíblico. Logo missões, organizações denominacionais e cooperação voluntária se tornaram fatores importantes na  vida dos batistas.

Os batistas cresceram rapidamente tanto em número quanto em organizações.

Batistas por todo o país cresceram rapidamente através dos esforços missionários e evangelísticos. Multidões responderam ao evangelho e foram batizadas em igrejas batistas.

Pregadores batistas e líderes leigos levaram o evangelho e os batistas testemunharam em todo lugar, incluindo a frontreira ocidental. Dentre eles estavam Squire Boone (1744-1815), um pregador e irmão de Daniel Boone (1734-1820), que reuniram crentes em Kentucky, e Thomas Lincoln (1788-1851), um diácono batista e pai de Abraham Lincoln (1809-1865), que ajudou no desenvolvimento de igrejas em Kentucky e em Indiana.

Os batistas não requerem estudos teológicos formais para que uma pessoa se torne um pregador. Como resultado, agricultores, comerciantes e outros que se sentiram chamados a pregar, assim o fizeram e começaram igrejas onde se estabeleceram. Eles tiveram o apoio de universidades e pregadores preparados pelos seminários que eram igualmente comprometidos com evangelismo e plantação de igreja.

Os batistas eram conhecidos como um povo evangelístico. Eles mantiveram seu zelo evangelístico de várias formas. Acusações de serem excessivamente zelosos, até fanáticos, não fizeram com que diminuissem seus esforços de compartilhar o evangelho com todos em toda parte.

Novas igrejas, muitas vezes mais eficazes em evangelizar do que congregações mais antigas, foram plantadas nas cidades, vilas e áreas rurais. Evangelismo era considerado oportunidade e responsabilidade de todo batista, não apenas dos pregadores e evangelistas. Igrejas ofereceram treinamento para os membros aprenderem a como compartilhar sua fé em Cristo com outros.

Reuniões eram organizadas com o propósitos específico de evagelismo. Algumas vezes eram lideradas por igrejas e outras vezes eram lideradas po associações de igrejas. Comumente chamado de “encontros de avivamento” ou “encontros prolongados”, esses eventos algumas vezes duravam semanas, geralmente resultando em muitas profissões de fé e batismos. Os batismos geralmente aconteciam fora do prédio da igreja, em lagoas, rios e riachos, e isso era um meio a mais de compartilhar o evangelho publicamente.

A discussão sobre a escravidão separou os batistas do norte dos batistas do sul, resultando na formação da Convenção Batista do Sul em 1845. A Convenção Batista do Sul se tornou a maior convenção batista do mundo. A Guerra Civil Americana retardou o crescimento entre os batistas na nação por um tempo, mas depois da guerra o crescimento foi retomado.

A Bluestone Church, na plantação de William Byrd (1758) e a Silver Bluff Baptist Church na Carolina do Sul são conhecidas por serem as primeiras igrejas batistas de negros. A igreja da Carolina do Sul foi fundada como resultado dos esforços evangelísticos de George Liele, as vezes escrito como Lisle ou Leile (1750-1828), um escravo, que depois que garantir sua liberdade imigrou para a Jamaica. Em 1784 ele começou a pregar na Jamaica, ajudando a desenvolver um forte trabalho batista no país. Afro-americanos, libertos da escravidão pela Guerra Civil na década de 1860, formaram centenas de igrejas batistas e algumas das maiores convenções batistas do mundo.

Americanos nativos, respondendo aos esforços missionários batistas, começaram igrejas. Além disso, vários grupos imigrantes, como alemãos, suecos e hispânicos começaram igrejas batistas, formaram convenções, fundaram escolas e publicaram materiais.

No geral, o crescimento dos batistas tem sido fenomenal.

Os cerca de oitocentos mil batistas em 1850 tornaram-se mais de cinco milhões em 1900, mais de dezessete milhões em 1955, e mais de trinta milhões em 2000. O crscimento dos batistas se deu não apenas em número de membros mas de muitas outras formas.

Organizações missionárias batistas, editoras, escolas e outras entidades cobriram a América durante os séculos XIX e XX. Os batistas estabeleceram universidades, seminários, instituições de acolhimento para crianças e idosos, centros médicos, todos de qualidade excepcional. Eles formaram entidades para publicar jornais e outros materias para fornecer informações por meio eletrônico como recursos para igrejas e outras organizações batistas.

Os batistas criaram organizações nacionais e regionais para apoiar estes vários esforços. Eles entenderam que cumprir a Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo (Mateus 28.18-20) e o Grande Mandamento (Mateus 22.18-20) demandava cooperação. Cooperação voluntária permitiu que os batistas fizessem juntos o que nenhuma pessoa, igreja, ou outra entidade poderia fazer sozinha em compartilhar o amor de Deus através de palavras e ações.

Embora a denominação batista tenha crescido, ela continua a contribuir em vários aspectos da sociedade. Ela tem povoado as salas de aula e conselhos de grandes corporações. São  líderes em vários campos, como negócios, artes, esportes, entretenimento, militar e governo.

Já foram banidos do serviço público, mas têm servido como juízes, governadores, prefeitos, senadores, congressistas e presidentes. Samuel “Sam” Houston (1793-1863) é um exemplo disso. Ele foi eleito como o primeiro presidente da República do Texas em 1836. Foi batizado em 19 de novembro de 1854 na Igreja Batista Idependência, em Independência, Texas, enquanto foi senador dos Estados Unidos, e depois ainda serviu como governador do estado.

No mundo da religião, os batistas tem produzido um verdadeiro exército de pastores, professores, missionários e líderes da igreja. Eles formaram grandes evangelistas como Billy Graham (1918-2018), autores influentes como Walter Rauschenbusch (1861-1918), educadores excepcionais como Francis Wayland (1796-1865), organizadores vizionários como Nannie Helen Burroughs (1879-1961), e porta-vozes corajosos da justiça social como Matin Luther King Jr. (1929-1968).

Vários fatores contribuíram para o crescimento dos batistas.

A partir de um pequeno grupo de exilados amontoados em Rhode Island, no século XVII, batistas se tornaram a maior denominação na América do Norte, além da Igreja Católica Romana. O crescimento Batista na América do Norte não era primariamente da imigração, como foi no crescimento da Igreja Católica Romana, mas de esforços evangelísticos e missionários robustos.

Organizações e atividades das igrejas abtistas focaram em evangelismo. Por exemplo, Escola Bíblica Dominical para todas as idades contribuiu para o crescimento. Eles combinam o estudo da Bíblia com comunhão e alcance evangelístico. Igrejas organizaram visitas nas quais os membros visitavam as casas dos não alcançados, convidando-os para a Escola Bíblica Dominical e culto, a fim de compartilhar Cristo com aqueles que não eram cristãos.

Além disso, como explicado anteriormente, os batistas não necessitam de qualquer nível de educação formal para seus pregadores e missionários. Algumas igrejas batistas e outras entidades tem exigências educacionais, mas não é uma exigência denominacional. Isso possibilitou que centenas de agricultores, comerciantes e outros que se sentiam chamados por Deus mas não tinham educação teológica fossem pregar, pastorear, começar igrejas e liderar. Alguns tinham alto nível de educação em outras áreas que não teologia, enquanto outros tinham pouca ou nenhuma educação formal, mas tinham grande zelo e habilidade. Os batistas não eram contra educação, como evidenciado pelas muitas escolas batistas que existem, mas eles não permitiam que o padrão formal de educação fosse empecilho para compartilhar o evangelho na fronteira em expansão. Essa abordagem contribuiu muito para o crescimento e diversidade batista.

Escolas e outras instituições batistas contribuíram para o crescimento batista. Universidades, seminários, instituições de acolhimento para crianças e idosos, e hospitais tem ajudado o testemunho batista. Além disso, organizações que prestam assistência em desastres, como terremotos, inundações, incêndios e tornados expandem o alcance evangelístico.

A expansão batista também aumento devido a várias características básicas dos batistas que são compatíveis com o espírito do sonho americano. Essas características incluem a ênfase na liberdade, responsabilidade pessoas e os benefícios da cooperação.

Com o crescimento Batista veio mais diversidade.

Batistas têm crescido não só em números, mas também na diversidade. Batistas têm formado numerosas organizações regionais e nacionais, algumas com poucos membros e outros com milhões. Eles variam teologicamente do livre arbítrio aos batistas primitivos. Vários grupos étnicos realizam convenções, como a Convenção Batista Hispânica. Outras organizações são resultado de divisões, como a Cooperative Baptist Fellowship que deixou a Convenção Batista do Sul e a National Progressive Baptist Convention, Inc., que deixou a Convenção Batista Nacional, EUA, Inc.

Os batistas variam muito. Na educação, batistas vão desde analfabetos até acadêmicos famosos. Economicamente, eles estão entre os mais pobres e os muito ricos. Politicamente incluem os liberais e os considerados conservadores. Cultural e racialmente, eles vêm de muitos grupos diferentes. Mesmo com tanta diversidade, batistas na América do Norte são bastante semelhantes em suas crenças e práticas fundamentais, que são chamadas de  “receita Batista.”

Batistas na América do Norte não estão livres de defeitos; nenhum grupo é. No entanto, apesar deles, os batistas na América do Norte cresceram e contribuíram positivamente de várias formas.

Batistas no mundo

Além de sua presença na Inglaterra e na América do Norte, batistas se espalharam por todo o mundo. Missionários da Inglaterra e dos Estados Unidos abriram o trabalho batista na África, América do Sul e Austrália. Imigração de batistas vindos da Inglaterra e Estados Unidos para lugares sem o testemunho batista logo expandiram a presença dos batistas em todo o mundo.

Em muitas áreas onde o testemunho batista foi estabelecido primeiramente por missionários e imigrantes, os batistas enviaram os seus próprios missionários para a difundir ainda mais a presença batista. E batistas continuam a migrar para vários locais, onde plantam igrejas.

Em alguns lugares foram estabelecidas igrejas batistas dos nativos. Por exemplo, na Alemanha Johann Gerhard Oncken (1800-1884), entendeu as convicções Batista através de seu estudo pessoal das Escrituras. Ele tinha ouvido falar de um batista americano que estava em Berlim, o procurou, e foi batizado com mais seis no rio Elbe em 1834. Os esforços evangelísticos Oncken resultaram na expansão dos batistas na Europa, a tal ponto de o conhecerem como o “apóstolo dos batistas europeus”.

Formas avançadas de transporte e comunicação têm facilitado muito a expansão dos batistas em todo o mundo. O aumento dos recursos financeiros dos batistas lhes permitiu usar a mídia extensivamente.

A ênfase Batista sobre evangelismo, missões, plantação de igrejas e ministério têm contribuído para a expansão Batista.

O crescimento Batista não tem se limitado a uma área. O maior população Batista cresceu nos Estados Unidos, mas em outros países os batistas chegaram a mais de um milhão, como na Nigéria, Índia, Myanmar (antiga Birmânia), e no Brasil. Ao todo, até o final o século XX, igrejas batistas estão espalhadas por 120 países.

Há igrejas batistas em todos os continentes, exceto na Antártica. Novas igrejas batistas são formadas a cada dia. O número de igrejas batistas chega a dezenas de milhares, e seus membros em dezenas de milhões. Batistas nestes vários lugares ao redor do mundo têm estabelecido não só igrejas, mas também vários tipos de organizações cooperativas.

Todas estas organizações atendem por diferentes nomes, como associações, redes, sociedades, convenções, parcerias e uniões, mas todas elas tem em comum a ideia de que a cooperação deve ser sempre voluntária. Além disso, os batistas estabeleceram escolas, hospitais, instituições de acolhimento para crianças e idosos e outros tipos de instituições. Os batistas dispuseram muito esforço missionário para levar o evangelho “até os confins da terra” (Atos 1.8). Onde quer que vão, os batistas defendem a liberdade religiosa para todos.

No início do século XXI, o número de batistas em todo o mundo foi estimado em cerca de cinquenta milhões. É realmente apenas um número estimado. O número de batistas é difícil de confirmar, por diversas razões. Em alguns lugares, os batistas são perseguidos e geralmente não tornam públicas nem a membresia nem as suas atividades. Outros grupos batistas não veem muita importância na manutenção de estatísticas. Entre os batistas não existe uma autoridade central que possa exigir que os grupos de batistas em todo o mundo relatem as suas estatísticas. Batistas contam como membros aqueles que fizeram uma confissão pública de fé, são batizados e tornaram-se membros de uma igreja. Assim, os relatórios que incluem apenas os membros relatam números bem abaixo do número total de pessoas que participam das igrejas batistas, como filhos não batizados dos membros e aqueles que frequentam fielmente uma igreja batista, mas nunca se tornaram membros formais da mesma.

Batistas em todo o mundo se relacionam voluntariamente uns com outros.

Os batistas do mundo inteiro cooperam de diversas formas. Por exemplo, os batistas em alguns países formam parcerias ou cooperam de forma conjunta com outros batistas de outros países para plantação de igreja, evangelismo e ministério. Também, igrejas e associações de igrejas em uma parte do mundo cooperam com entidades similares em outras partes. Alguns desses esforços cooperativos são feitos formalmente e outros são bem informais, mas todos são voluntários.

As instituições batistas de um país também cooperam com outras em outro país. Por exemplo, um centro médico na América do Norte contribui com equipamento e conhecimento para centros médicos batistas em outros países. As universidades batistas e seminários formam parcerias com entidades similares em outros países.

Em 1905, a Aliança Batista Mundial foi criada para promover a cooperação e comunhão entre os batistas do mundo. Assim como todas as organizações batistas, a Aliança não tem nenhuma autoridade sobre qualquer outra entidade batista. Ela serve como um canal para que os batistas ajudem pessoas em necessidade, defendam a liberdade religiosa e serve também como uma fonte de encorajamento e comunhão para batistas ao redor do mundo.

Uma evidência do crescimento batista ao redor do mundo é a nacionalidade de vários presidentes da Aliança Batista Mundial. Isso inclui a Austrália, Brasil, Canadá, Dinamarca, Grã-Bretanha, Hong Kong, Libéria, Coreia do Sul e Estados Unidos. Os países que sediaram o congresso mundial da ABM também indicam o crescimento batista ao redor do mundo. Isso inclui a Argentina, Austrália, Brasil, Dinamarca, Inglaterra, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Suíça e Estados Unidos.

Principais Características dos Batistas

Os batistas são claramente um grupo diverso. Dentro dessa diversidade, também existe uma certa uniformidade. Não é uma uniformidade organizacional, mas sim derivada de certas crenças comuns.

A autoridade da Bíblia e o senhorio de Cristo formam uma base sólida para as convicções batistas.

O batismo de crentes em Cristo apenas depois de sua conversão e através de imersão, geralmente é citado como um diferencial batista. Embora distingua os batistas da maioria da família cristã, o batismo do crente por imersão realmente repousa sobre outras convicções básicas. Entre eles estão o compromisso inabalável com a Bíblia como a única autoridade escrita de fé e prática  e a crença apaixonada no senhorio de Cristo.

Junto com estas convicções está a devoção inabalável à liberdade. A insistência inflexível na autoridade da Bíblia, no senhorio de Cristo e na liberdade responsável servem como a base para outras ênfases batistas.

Visto que Cristo é Senhor, todos devem ser livres para encontrar e seguir Sua vontade. Já que a Bíblia é a autoridade pra fé e prática, todos devem ser livres para ler, interpretar e aplicar os ensinamentos da Bíblia.

Por sua vez, essas convicções levam a outras crenças e práticas batistas, como a salvação pela graças atravé de arrependimento e resposta de fé pessoal em Cristo, competência da alma, sacerdócio cristão, batismo do crente por imersão, membresia regenerada, governo gongregacional autônomo feito pelos membros, cooperação voluntária, evangelismo, missões, esforços para corrigir injustiças sociais, educação cristã e ministério para todas as necessidades da pessoa em nome de Cristo.

Os batistas insitem que tudo isso funciona melhor onde há liberdade religiosa e uma separação amigável entre Igreja e Estado. John Leland, um pastor batista que ajudou a liderar a luta pela liberdade religiosa na América, escreveu nos Direitos inalienáveis de consciência:

O governo não tem nada a ver com as opniões religiosas dos homens, assim como não tem nada a ver com os princípios matemáticos. Que cada homem possa falar livremente sem medo, manter os princípios nos quais acredita, seja um Deus, sejam três, seja nenhum, ou vinte deuses e que o governo o proteja.

Por que os batistas tem sustentado essas convicções e tem desafiado leis regulatórias de práticas religiosas, eles sofreram ridicularização e perseguição por parte do governo e autoridades religiosas. Qual tem sido a resposta dos batistas frente a essa perseguição?  Frank S. Mead (1898-1982), historiador metodista, disse sobre os batistas: “Nem uma única vez, em sua amarga e sangrenta história eles tem revidado aos seus perseguidores ou perseguido quem quer que seja em razão de sua fé”.

A ênfase batista sobre liberdade inclui responsabilidade e prestação de contas.

Herschel Hobbs (1907-1995), proeminente pastor e teólogo batista, escreveu a respeito da liberdade religiosa: “Isto não significa que os batistas achem que uma pessoa pode acreditar em qualquer coisa e ser cristão ou batista. A competência da alma implica na autoridade das Escrituras e no senhorio de Cristo”. Certamente, a liberdade batista deve ser uma liberdade responsável.

Cristo como Senhor requer discipulado responsável, obediência à sua vontade, testemunho evangelístico, alcance missionário, ministério e serviço a outros. A Bíblia ensina que aqueles que acreditam em Jesus como Salvador e Senhor devem dar evidências dessa fé, não por pietismo isolado, mas participando de uma comunidade de adoração, testemunho, amor e serviço.

Prestação de contas é especialmente evidente na vida da igreja batista.

Para os batistas, a palavra “igreja” refere-se principalmente a congregações locais de cristãos batizados. Cada igreja é autônoma e livre de controle externo.

A vida da igreja batista inclui uma liberdade responsável. Os batistas insistem que a membresia da igreja deve ser formada livremente, nunca por coação. Os membros de uma igreja devem ser livres para governar a igreja sob o senhorio de Cristo sem qualquer interferência humana externa.

A liberdade caracteriza o apoio financeiro que os batistas dão à igreja. Embora os batistas ensinem que os dízimos e ofertas são o método bíblico de apoiar a igreja, a denominação não ordena nenhum padrão financeiro ou método de ofertar. Cada membro decide o que, quando e como vai ofertar. A coleta de dízimos e ofertas é parte do culto batista; as pessoas são encorajadas a dar, mas ninguém é obrigado.

Além disso, as igrejas são livres para determinar quanto será dado pela igreja para as causas denominacionais. Não há cobrança de taxa alguma por parte da denominação aos indivíduos ou igrejas.

Estas liberdades, como todas as outras na vida batista, devem ser exercidas com responsabilidade, respeitando os ensinamentos da Bíblia e a direção do Santo Espírito sob o senhorio de Cristo, o cabeça da Igreja.

O culto dos batistas exemplificam a liberdade.

Os batistas proclamam a importância do culto individual, familiar e congregacional, e insistem que tal culto deve ser livre de controle e interferência governamental ou denominacional.

Os batistas acreditam que a adoração coletiva pelas congregações é um ingrediente vital na vida de todo cristão e toda igreja. A denominação batista não prescreve padrões de culto para as igrejas. A Bíblia é a autoridade de fé e prática, e nela não contém uma forma de culto determinado. No entanto, ela indica que certas práticas estavam presentes no culto das igrejas do Novo Testamento, as quais são o padrão para as igrejas batistas. Essas práticas incluem leitura das Escrituras, pregação, oração, louvor, recolhimento de ofertas e apelo para que as pessoas tomem decisões. Olhando para a Bíblia para orientação, cada igreja autônoma através de seu governo congegacional é livre para escolher como vai usar esses elementos no culto.

A Bíblia ocupa um lugar central no culto batista. A denominação não determina quais traduções da Bíblia devem ser usadas, em que momento ela deve ser lida em público, quais passagem devem ser lidas ou quem as deve ler. Um sermão bíblico é muito importante no culto batista, e o pregador, não a denominação, escolhe o tópico, tema, texto e tipo de sermão.

A oração é essencial em todos os cultos batistas. Mais uma vez, a liberdade prevalece. A denominação não determina quem deve conduzir a oração pública, o conteúdo da oração ou os momentos da oração no culto.

A música também desempenha um papel importante nos cultos batistas. Igrejas são livres para usar qualquer música e instrumentos musicais que desejarem. Não há diretrizes denominacionais para a música na adoração.

As duas ordenanças das igrejas batistas, o batismo do crente e a ceia do Senhor, são conduzidas como parte do culto. Para os batistas, os dois são muito importantes, mas não são necessários para a salvação. Apesar da sua importância, não há requisitos denominacionais de como eles devem ser conduzidos. Cada igreja é livre para determinar como, quando e onde as ordenanças serão realizadas.

Os apelos também estão inclusos nos cultos batistas, tanto para que o não cristão confesse Jesus como seu Salvador pessoal, como para os que não são membros decidam pela membresia. Muitas igrejas incluem um tempo no culto para que as pessoas tomem essas decisões publicamente, outras tem um tempo e lugar diferente para aconselhar pessoas interessadas em tomar essas decisões. A denominação não dita a natureza desses apelos. A resposta a esses apelos deve ser voluntária e livre.

Sem dúvida, a ênfase Batista sobre a liberdade gera uma variedade de adoração congregacional. A data, hora, duração, conteúdo, forma e liderança para a adoração congregacional são determinados pela igreja e não por qualquer líder denominacional. Alguns cultos são informais; outros são formais. Essa variedade não resulta em anarquia no culto porque os batistas procuram seguir a orientação do Novo Testamento “Mas tudo deve ser feito com decência e ordem” (1 Coríntios 14:40 NVI).

O padrão de organização de igrejas batistas demonstra liberdade.

A liberdade da igreja batista é vista nas várias formas em que são organizadas. O compromisso batista com a autonomia da igreja local e o governo congregacional tem resultado em diferentes padrões organizacionais. Não há nenhuma regra oficial determinada pela denominação batista para a organização congregacional. Algumas igrejas são altamente estruturadas, e outras têm bem pouca estrutura formal.

Os batistas usam uma variedade de nomes para os líderes nas congregações locais. Por exemplo, vários títulos são usados para a pessoa que é chamada pela igreja para ser o pregador principal, como pastor, ancião e até bispo (raramente). Por muitos anos o título preferido nos Estados Unidos era ancião, mas pastor se tornou cada vez mais preferido. A maioria nos teólogos batistas consideram que o Novo Testamento usa os títulos pastor, ancião e bispo para se referir a vários aspectos do mesmo ofício.

Qualquer que seja o título usado, a pessoa é escolhida pelos membros da congregação local e não designada por alguma entidade denominacional de fora da igreja. Além disso, a pessoa não serve como um mediador entre membros da congregação e Deus. Cada batista é um sacerdote e se relaciona diretamente com Deus, exercendo sua competência de alma sob o senhorio de Cristo com a liderança do Espírito Santo.

As organizações batistas além das igrejas também revelam liberdade.

A ênfase batista na liberdade e a rejeição a qualquer autoridade humana que dite a fé e prática religiosa tem reultado em múltiplas expressões na vida organizacional dos batistas além das congregações locais. Uma denominação é um grupo de pessoas que possuem um conjunto comum de crenças, práticas e valores. Uma denominação geralmente desenvolve várias organizações baseadas nessas crenças.

Além das congregações locais, essas organizações entre os batistas incluem associações, sociedades, uniões, parcerias e convenções, bem como instituições de vários tipos para evangelismo, educação, missões, ministério, publicações e assistência médica. Não há padrões ditados pela denominação para as organizações ou nomes para essas variadas organizações. Além disso, igrejas locais são livres para se associarem ou não se associarem a qualquer dessas organizações, e nenhuma dessas organizações tem autoridade sobre as igrejas locais.

A liberdade batista também fica evidente nos títulos dos líderes e funcionários das várias organizações denominacionais. Não há títulos definidos pela denominação, e cada entidade escolhe o título que preferir. Esses títulos variam de acordo com a natureza da organização, a função do líder e a tradição.

Para as instituições, como escolas, instituições de cuidados infantis e de idosos e hospitais, títulos comuns são o de superintendente e presidente. Para as organizações, como associações e convenções, títulos comuns são os de diretor, diretor-executivo, presidente, secretário-geral e secretário correspondente. Todas estas posições, qualquer que seja o título, têm em comum de que a pessoa não tem nenhuma autoridade sobre a congregação local. Cada igreja é autônoma e se autorregulam.

Liberdade batista é expressa nas várias formas que as igrejas batistas e outras organizações se relacionam com grupos que não são batistas.

A denominação batista não dita como as entidades batistas  se relacionam com as organizações religiosas não-batistas, como alianças ministeriais locais e organismos ecumênicos estaduais e nacionais, como o Conselho Nacional de Igrejas e o Conselho Mundial de Igrejas. Alguns batistas estão intimamente associados com tais grupos, enquanto outros não.

A maioria das igrejas e organizações batistas cooperam com não-batistas em certas causas específicas, como os esforços para promover a liberdade religiosa. Muitos grupos batistas cooperam com outras organizações religiosas, bem como com organizações seculares sobre várias questões, como ação social e ajuda às vítimas de catástrofes.

A natureza e os resultados da ênfase batista em relação a liberdade tem moldado a denominação.

A liberdade também é evidente nas várias controvérsias que fazem parte da história Batista. Batistas viveram muitas controvérsias,muitas vezes gerando a divisão e a formação de novas igrejas, organizações e instituições. Uma das razões pelas quais a controvérsia na vida Batista muitas vezes resulta em divisão é porque não há nenhuma autoridade humana na denominação que tem o poder de resolver conflitos ou emitir um veredicto final quando estouram diferenças. A Bíblia é a autoridade de fé e prática Batista.

Quando surgem diferenças, batistas apelam para a Bíblia como base de suas convicções, e não para nenhum credo humano ou pronunciamento denominacional, dado que os batistas são livres para interpretar e aplicar a Bíblia por si mesmos. Não há interpretação oficial que todos os batistas tem que aceitar. No caso de interpretações conflitantes, não há nenhuma autoridade humana para declarar qual interpretação está correta.

A ênfase batista sobre a liberdade não significa que uma pessoa pode acreditar em qualquer coisa e sempre ser considerado um batista porque os batistas têm certas crenças fundamentais que definem o que significa ser batista. Por exemplo, batistas defendem a liberdade de uma pessoa a acreditar que o batismo é essencial para a salvação, mas indicam que tal crença levaria a pessoa para fora  do padrão batista, já que a crença Batista é que a salvação só é pela graça através do arrependimento e fé, não por obras ou sacramentos.

A liberdade batista resultou em grande e contínua diversidade, e ainda assim os batistas são surpreendentemente parecidos. Então, os batistas são caracterizados pela unidade e diversidade que não se apoiam na estrutura mas nas crenças e práticas que eles tanto valorizam. Com todas suas diferenças, os batistas compartilham convicções básicas. Essas crenças e práticas como um todo, fazem dos batistas uma família distinta de cristãos. A coleção A Série de identidade batista revela essas crenças e práticas que constituem a “receita batista”.

A “receita batista” é verdadeiramente extrordinária. Um exame cuidadoso da receita revela um equilíbrio maravilhoso e integridade. Por exemplo, a ênfase na resposta individual e pessoal ao evangelho é equilibrada pela ênfase na comunidade de crentes sacerdotes na amorosa comunhão das igrejas. E os ingredientes da receita são ligados em amor enquanto cada um se relaciona com o amor de Deus e são um meio de compartilhar o amor de Deus.

Conclusão

A história batista é realmente uma história maravilhosa. É uma história inspiradora, cheia de exemplos de dedicação e coragem, geralmente em face de dolorosa perseguição.

É uma história que continua a crescer. O compromisso batista com evagelismo e missões, baseado na obediência a Cristo e amor a todos, tem resultado em um número crescente de cristãos e igrejas batistas. A denominação batista se tornou uma das maiores partes do todo da família cristã.

É uma história cada vez mais diversificada. Enquanto a família cristã batista cresce, ela inclui uma variedade de pessoas e a família é enriquecida por novos pontos de vista, ênfases e estilos de adoração que elas trazem.

Os batistas servem em uma infinidade de maneiras para cuidar dos que sofrem. Pessoas, igrejas, associações, convenções, sociedades, parcerias, redes, uniões e instituições batistas vão ao encontro das necessidades espirituais, físicas, mentais, emocionais e sociais.

Batista desenvolveram uma variedade de organizações, mas a congregação de crentes batizados permanece como o fundamento da estrutura denominacional Batista. Essas igrejas são diferentes em tamanho, localização, ministérios, estilos de adoração, e instalações. A liderança pastoral varia dos de tempo integral para os de tempo parcial, daqueles que têm título de um seminário para os com pouca educação formal. Embora eles sejam diversos, essas igrejas compartilham um compromisso comum de crenças batistas fundamentais.

Os desafios e dificuldades foram numerosas no passado e quanto ao que se espera do futuro, não há dúvidas que outros tantos desafios esperam pela família cristã batista. Assim como os batistas no passado enfrentaram e superaram tudo com a ajuda de Deus, pessoas nos dias que seguem certamente farão o mesmo, e batistas vão continuar a ajudar no cumprimento da Grande Omissão e do Grande Mandamento de Jesus Cristo.

A Grande Comissão
“Então, Jesus aproximou-se deles e disse: ‘Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos’.”
Mateus 28.18-20

O Grande Mandamento
“Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”
Mateus 22.37-40 (NVI)